O Hino do Piauí contém um dos mais graves erros históricos cometido pelo poeta Da Costa e Silva, considerado o maior poeta piauiense. Isso, se considerarmos o processo de revisão pelo qual passou a História Oficial, hoje intitulada de Nova História. Leia-se a estrofe em que esse erro é cometido: “Desbravando-te os campos distantes/ Na missão do trabalho e da paz/ A aventura de dois bandeirantes/ A semente da pátria nos traz".
Os dois bandeirantes citados em tal estrofe são Domingos Jorge Velho e Domingos Afonso Mafrense. Estes personagens históricos tiveram uma missão totalmente oposta à de promover o trabalho e a paz. São considerados pelos novos historiadores como os principais exterminadores dos povos indígenas das terras brasileiras. O massacre realizado por eles foi tão cruel que terminou por exterminar, por exemplo, todos os índios do Piauí. Pode-se dizer que os dois foram fixados nas páginas da História do Brasil para sempre, mas como assassinos frios, cruéis e “sangrinolentos”. Domingos Jorge Velho, também, foi o paulista contratado para destruir o Quilombo de Palmares em 1694, localizado em Alagoas: a página mais triste da História do Brasil.
Diz-se, então, que eles promoveram a guerra e não a paz, como está escrito no Hino do Piauí. É essa, pois, a história que deve ser ensinada nas escolas, e não a que é ensinada no Hino piauiense. Enquanto essa estrofe não for retirada do Hino, será motivo de vergonha, de deboche e gozação nas salas de aulas. Nem mesmo uma criança da quarta série infantil vai cair nessa história escrita por Da Costa e Silva, poeta que sempre esteve a serviço de uma literatura que escamoteava a realidade e se propunha em favor de uma ideologia dominante de opressão e discriminação.
Esse é nosso destino: louvar bandidos.